José Luis Santos “[...] ao discutirmos sobre cultura temos sempre em mente a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade de formas de existência.”
Vitruvius: utilidade, solidez e beleza
Vitruvius: utilidade, solidez e beleza
Em 1959 o cientista e filósofo Snow descreveu a realidade social dividida em duas culturas, uma científica e outra humanística voltada para as artes, colocando em evidência esta fragmentação do conhecimento, onde aparentemente colocamos os cientistas e a ciência em uma esfera à parte da sociedade, enquanto de outro lado os intelectuais humanistas, escritores, artistas plásticos, filósofos, etc.
Por isso hoje, quando indagados sobre matemática, muitos chegam a ter orgulho de admitir sua ignorância no tema. Mas quando alguém é questionado sobre Shakespeare ou Suassuna e não sabe do que se trata é considerado sem cultura. O analfabetismo em ciências e tecnologia é admissível socialmente e o humanístico não. Porque?
Essa é uma separação ou divórcio como preferem alguns que tem várias origens. Uma delas é educacional, quando Napoleão assume o poder na França, surge uma nova organização do ensino superior. O ensino técnico, deixado as politécnicas é separado das ciências sociais, está estrutura de ensino que foi amplamente copiada (Liceu). O acúmulo de conhecimentos gerados a partir do século XVIII foi imenso nas ciências dando origem a uma série de inovações tecnológicas que as pessoas em geral desconhecem o seu funcionamento.
Esse “divórcio” afasta as pessoas e dificulta a comunicação entre elas e a compreensão do mundo. Essa incompreensão mutua dos agentes das duas culturas gera absurdos no meio acadêmico e na sociedade. Uma prática ou uma arte que precisa equilibrar este divórcio é a arquitetura.
Alguns gostam de dizer que a arquitetura é a arte mais complexa que existe. Provavelmente sim, mas em que medida ela é arte? Não vamos discorre por ai, vamos aceitar que seja arte, que seja técnica e que seja humanidade tudo isso ao mesmo tempo. Ela deve concentrar esforços para servir ao home no planejamento do espaço, sem deixar de ter uma relação e respeito com a cultura, deve buscar a estética e também ser sólida estruturalmente.
Assim a arquitetura para servir a seus propósitos deve concentrar conhecimentos das duas culturas. Capaz de compreender os materiais, seus métodos construtivos, a tecnologia e a técnica por traz da solidez. Conseguir atender as necessidades humanas individuais e coletivas, interpretando e criticando as edificações, os programas de necessidade a cidade em si. Converge uma ampla cultura social, artística e técnica.
Uma das grandes dificuldades para se entender e para se ver a arquitetura é esta falta de capacidade de síntese da percepção que um objeto arquitetônico denota. Nunca apenas parede, cobertura e cores e tão pouco pode viver sem elas. Afinal o projeto de arquitetura é um meio para a obra, este sim é o fim da arquitetura. Ás vezes o projeto é confundido com o seu fim. Este projeto edificado e materializado é de dimensões enormes.
Um texto de: Guilherme Almeida.
Referências:Bertrand Russell. The Divorce between Science and “Culture”. (Nobel em Literatura e lógico matemático).Carlos Vogt . A Espiral da cultura científica. (Divulgador científico).José Luis dos Santos. O Que é Cultura. Brasiliense. São Paulo. 2006.Frijot Capra – Teia da Vida.
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