quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ARQUITETURA E DESTINO

“O ser humano deve ser arquiteto do próprio destino.” (Che).

Arquitetura é muito importante, mas justiça social é muito mais, isso ate Niemeyer reconhece inúmeras vezes. Só se faz arquitetura de qualidade se existir um projeto de vida, um ideal, uma idéia, um forma de encarar e ver a sociedade e o mundo e como se dá sua atuação nele. Arquitetura é transformação, transforma o espaço, na medida humana, na medida de sua cultura.
Não são necessários arquitetos para construir, um bom mestre de obras e um engenheiro calculista fazem tudo. Constroem econômica e solidamente e muitas vezes de forma “bela”. O que o arquiteto pode fazer de diferente é defender um partido, interpretar o mundo e intervir no espaço com consciência, o arquiteto precisa dar a dimensão humana na obra.
Como adquirir consciência e como pensar? Estudando e convivendo com as pessoas, é claro. Com uma das Constituições Federais mais avançadas do mundo temos princípios que garantem isso. Infelizmente só nos lembramos dos princípios individuais, Art 5 que garante a propriedade privada e liberdade de expressão entre outros. Instrumentos importantes em um país que sofreu com a ditadura. Contudo, esquecemos dos princípios sociais desta Constituição e dos princípios educacionais nela reservados.
Art. 207: As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Indissiociabilidade significa que agem em concordância e em comunhão. Isso não é assistencialismo, trata-se de uma política de Estado, que reconhece a necessidade de que as Universidades só podem produzir pesquisas e conhecimentos importantes se tiverem em contato com a realidade. Isso de dá pela extensão, trata-se de um método e também de um ato político, onde devem ser equilibradas a teoria e a prática. Como nos testes de laboratório o engenheiro deve estudar a teoria, mas testar para confirmar, na realidade social deve-se estudar, mas não adianta apenas isso. É preciso um método dialética, criar uma tese (teoria), verificar (experiências), trocar experiências (extensão), renovar a tese (antítese) e continuar. Por isso o tripé pesquisa, ensino e extensão.
E porque isso deve ser importante em universidades públicas? Não só pelo texto constitucional, mas pela própria função da educação. Bem qual o papel da educação pública? A educação pública é uma conquista recente da humanidade, não existia antes da Revolução Francesa. A educação era apenas aos abastados, aqueles destinados a mandar. Para acabar com o privilégio de nascimento e para distribuir igualdade é criada a educação pública em todos os níveis.
Quando se realiza um trabalho de extensão não se trata de uma obrigação no sentido de piedade ou de um assistencialismo barato. Trata-se de uma estratégia de ensino também. Afinal quantos desenhos vão para o lixo, porque não se dedicar a algo que faça a diferença? Produzir em favor da coletividade, todos pagamos impostos e temos direitos, mas e nossos deveres, não temos? Como equilibrar deveres e diretos sociais? Segundo Castro:
“Entretanto, a extensão possui algumas características que se bem exploradas podem vir a contribuir para uma mudança no processo de ensinar e aprender: possuem um arsenal metodológico diferenciado; é feita de encontros entre alunos, professores e comunidades; tem a possibilidade de, neste encontro, incorporar outros saberes, de criar um novo senso comum e de ampliar a capacidade de reflexão sobre as práticas, porque nelas se constituem, ou seja, são constituídas pelas experiências.”

Defendo esta postura critica de utilizar a educação, a extensão e a participação comunitária para transformar as a realidade. Arquitetar um mundo melhor. Para isso muitas dimensões devem ser levadas em consideração. E uma estratégia inteligente. Se não servir para isso a educação terá uma função exclusivamente individual. Este caráter individual sempre existirá, cada individuo tem sua trajetória e interesse. Mas um projeto por ano para cada acadêmico, cinco ou quatro durante um curso superior. Não deve ser muito para que exista um contato do estudante com o mosaico de dimensões existentes em uma sociedade.
Teoria e Prática
A importância fundamental do método teoria-prática se dá por diversos motivos um deles é segundo Castro: “Uma teoria da arquitetura constitui, portanto, pressuposto necessário à formação da consciência do arquiteto e é tão indispensável quanto é o conhecimento técnico de que se deve munir para intervir na realidade social. Esta, sem dúvida alguma, é a condição primeira e essencial. E, só poderá ser satisfeita por séria, cuidadosa e profunda preparação filosófica”.
E adverte o autor que a teoria não é suficiente:

“...encontram-se os arquitetos que vivem enclausurados no mundo dos pensamentos abstratos. Desconhecem a realidade dos canteiros e não avaliam concretamente a relação entre o desenho e o processo de construção do espaço social. Tornam-se naturalmente incapazes de avaliar a correta opção por um sistema construtivo, o emprego adequado de materiais, mostrando-se alheios à emoção concreta provocada pelo espaço arquitetônico. Sabem de terceira mão e se põem a dissertar sobre a arquitetura, impregnando o discurso com suas insuficiências pessoais, quase sempre resultantes da falta de contato com a realidade do trabalho que criticam.” (Castro, 2001)

Precisamos deste contato com a prática, tanto para fins de conhecimento técnico quanto para sentir a carga que os projetos podem causar. Como as soluções adotadas interferem na sociedade mais ampla e não apenas para um cliente.
Alguns arquitetos se preocuparam e se preocupam com a postura frente a realidade e foram até muito enfáticos. Artigas foi um dos lideres neste sentido, declara que:
“...a arquitetura moderna, tal como a conhecemos, é uma arma de opressão, arma da classe dominante, uma arma de opressores contra oprimidos”.
“É claro que precisamos lutar pelo futuro de nosso povo, pelo progresso e pela nova sociedade. [...] Mas é claro que, enquanto a ligação entre os arquitetos e as massas populares não se estabelecer[...], não haverá arquitetura popular. Até lá atitude critica em face a realidade.”

Como realizar uma crítica adequada das obras e das necessidades de infra-estrutura se não temos contato com ela? Se não nos interessamos o suficientes e se não conseguimos nos organizar. Fracassei ao tentar uma organização com os estudantes, não sabemos planejar e gerir, não temos como concorrer com os estágios. E não temos apoio suficiente dos mestres. Mas agradeço todos que contribuíram.
Sobre o papel dos intelectuais na transformação da realidade segue o texto de Nizan.

“ ...não existe o homo faber, o homo artifex, o homo sapiens, o homo economicus e o homo politicus, o homo noumeneon e o homo phenomenon, mas todos os indivíduos que nascem, levam uma determinada vida, tem filhos, morrem: do trabalhador manual que ganha vinte e cinco francos, por dia ao homem político que reside na Vila Said, da moça que freqüenta o curo Villiers àquele que dorme na quadra Jeanne-d`Arc no mesmo quarto dos pais e dos irmãos, do militante revolucionário ao inspetor da polícia judiciária. Existe, de um lado, a filosofia idealista que enuncia as verdades sobre o homem,e,e de outro lado, os registros da distribuição da tuberculose em Paris que nos diz como se morre[...] eu não encontro nunca o homo noumenon[...] Mas o significado repugnante [...]das estatísticas sobre o trabalho forçado, estes sim, me colocam problemas verdadeiramente filosóficos” (Paul Nizan)

Não é difícil extrapolar este critica de Nizan à Paris do século XIX para os nossos dias atuais. Em que nível estão nossos serviços de saúde, educação e transporte públicos? O PAC, O pronto de Socorro, os índices de violência.
Caso se acredite que os estudantes de nível superior e aqueles que o possuem não devem estar ativamente em contato com as diferentes realidades econômicas e sociais do país. Estes que aprenderam política, filosofia, engenharia, as técnicas, as artes e a crítica não o exercerem com função social, são intelectuais que se distanciam dois problemas terrenos. Deixarão para o leiteiro, o padeiro e o torneiro mecânico a tarefa de lutar e gerir seus conflitos e do país, com ou sem qualidades técnicas terão que solucionar. Não devemos nos omitir, a omissão é uma recusa a responsabilidade e possibilidade de transformação.
Um texto de: Guilherme Almeida

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Emoção ou pose de intelectual?



"Quando conhecer sua alma, pintarei seus olhos. "
Amedeo Modigliani






Hoje, conversando sem pretensões, lembrei-me de um momento que me marcou muito. Foi uma viagem para São Paulo, mas precisamente uma visita ao Masp (não foi a toa que postei anteriormente sobre a história do Masp), essa visita foi especialmente importante não apenas por se tratar de um ícone arquitetônico nacional, nem por ser projeto de uma sensacional arquiteta, cujas obras estudamos em Arquitetura Brasileira.
O que mais marcou, para mim, foram dois quadros particularmente especiais e que tem tudo a ver com a frase acima, de Amadeo Modigliani.
Modigliani, para quem não sabe, foi um pintor italiano renomado, boêmio e apaixonado; cuja história de sua vida e suas obras são narradas no filme: "Modigliani, paixão pela vida". A trajetória biográfica do artista e os porquês de suas obras são tão belamente narradas que não contive a emoção ao me deparar em frente de um dos principais quadros de "Modi".. (como era chamado pela sua esposa). O filme trata de uma linda história de amor e seus quadros retratam essa evolução sentimental de forma contida, porém importante.
Nesse dia, no Masp, entendi a reação de algumas pessoas, quando simplesmente páram em frente de um quadro e pensam, relembram, se emocionam. Sempre achei que isso era uma viagem de algum metido a crítico ou a intelectual, mas naquele momento eu não contive a emoção, parei em frente do quadro e relembrei as belíssimas cenas do filme.
Para os que não o assistiram, esse filme está disponível na internet, existe uma comunidade do filme no orkut, vale a pena.

domingo, 11 de outubro de 2009

Arquitetura como síntese das duas Culturas

José Luis Santos “[...] ao discutirmos sobre cultura temos sempre em mente a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade de formas de existência.”
Vitruvius: utilidade, solidez e beleza


Em 1959 o cientista e filósofo Snow descreveu a realidade social dividida em duas culturas, uma científica e outra humanística voltada para as artes, colocando em evidência esta fragmentação do conhecimento, onde aparentemente colocamos os cientistas e a ciência em uma esfera à parte da sociedade, enquanto de outro lado os intelectuais humanistas, escritores, artistas plásticos, filósofos, etc.
Por isso hoje, quando indagados sobre matemática, muitos chegam a ter orgulho de admitir sua ignorância no tema. Mas quando alguém é questionado sobre Shakespeare ou Suassuna e não sabe do que se trata é considerado sem cultura. O analfabetismo em ciências e tecnologia é admissível socialmente e o humanístico não. Porque?
Essa é uma separação ou divórcio como preferem alguns que tem várias origens. Uma delas é educacional, quando Napoleão assume o poder na França, surge uma nova organização do ensino superior. O ensino técnico, deixado as politécnicas é separado das ciências sociais, está estrutura de ensino que foi amplamente copiada (Liceu). O acúmulo de conhecimentos gerados a partir do século XVIII foi imenso nas ciências dando origem a uma série de inovações tecnológicas que as pessoas em geral desconhecem o seu funcionamento.
Esse “divórcio” afasta as pessoas e dificulta a comunicação entre elas e a compreensão do mundo. Essa incompreensão mutua dos agentes das duas culturas gera absurdos no meio acadêmico e na sociedade. Uma prática ou uma arte que precisa equilibrar este divórcio é a arquitetura.
Alguns gostam de dizer que a arquitetura é a arte mais complexa que existe. Provavelmente sim, mas em que medida ela é arte? Não vamos discorre por ai, vamos aceitar que seja arte, que seja técnica e que seja humanidade tudo isso ao mesmo tempo. Ela deve concentrar esforços para servir ao home no planejamento do espaço, sem deixar de ter uma relação e respeito com a cultura, deve buscar a estética e também ser sólida estruturalmente.
Assim a arquitetura para servir a seus propósitos deve concentrar conhecimentos das duas culturas. Capaz de compreender os materiais, seus métodos construtivos, a tecnologia e a técnica por traz da solidez. Conseguir atender as necessidades humanas individuais e coletivas, interpretando e criticando as edificações, os programas de necessidade a cidade em si. Converge uma ampla cultura social, artística e técnica.
Uma das grandes dificuldades para se entender e para se ver a arquitetura é esta falta de capacidade de síntese da percepção que um objeto arquitetônico denota. Nunca apenas parede, cobertura e cores e tão pouco pode viver sem elas. Afinal o projeto de arquitetura é um meio para a obra, este sim é o fim da arquitetura. Ás vezes o projeto é confundido com o seu fim. Este projeto edificado e materializado é de dimensões enormes.


Um texto de: Guilherme Almeida.

Referências:Bertrand Russell. The Divorce between Science and “Culture”. (Nobel em Literatura e lógico matemático).Carlos Vogt . A Espiral da cultura científica. (Divulgador científico).José Luis dos Santos. O Que é Cultura. Brasiliense. São Paulo. 2006.Frijot Capra – Teia da Vida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand








Popularmente conhecido como MASP, foi inaugurado em 2 de outubro de 1947 por Assis Chateaubriand (empresário) e Pietro Maria Bardi (jornalista e crítico de arte na Itália).
A edificação é um projeto da, até então, recém formada Lina Bo (arquiteta modernista italiana e esposa de Bardi). Inicialmente o MASP foi instalado em quatro andares do edifício dos Diários Associados, os pavimentos que recebiam o museu foi previamente adaptado por Lina Bo Bardi. Em 1956, Lina projetou a sede atual do Masp, na avenida Paulista, edificação que chama atenção até hoje pela sua particularidade: o corpo principal do prédio é sustentado por quatro pilares laterais que sustentam um vão livre de 74 m; e em 1968 o Masp foi inaugurado com a presença ilustre da rainha Elizabeth II (Inglaterra).
O Masp foi concebido e implantado como um museu transparente, aberto para a cidade através de seus panos de vidro inteiramente transparentes.
Comparado ao Museu à Beira do Oceano e a Casa de Vidro, o Masp se destacava pois possuia uma maior intensidade de ocupação da pinacoteca dispostas em suportes de vidro e também por assumir a continuidade visual e espacial da cidade, rompendo com as regras da museologia.

Mas a intensidade luminosa no interior do museu logo foi barrada por persianas e o calor amenizado pelo uso de ares condicionados, de certa forma, descaracterizando o objetivo inicial do projeto.
Com o falecimento de Lina Bo Bardi, em 96, durante obras de manutenção, foram erguidos painéis de gesso, substituindo os acrílicos e com as persianas permanentemente fechadas, a fachada do Masp passou a abrigar enormes out-doors com as exposições programadas.
Entre março de 96 e setembro de 2001, o museu sofreu um processo de revitalização e manutenção, foram retirados os out-doors, recebeu um piso de granito polido, substituindo o original, um elevador de cargas, mais um elevador social além da manutenção do elevador original, entre outras intervenções e estudos.




terça-feira, 6 de outubro de 2009

Arquitetura de brincadeira?






Friedensreich Hundertwasser, pintor e arquiteto austríaco, formulou o "Manifesto da Terra"; manifesto este que era contra a arquitetura funcionalista e suas "paredes com buracos". Afirmava que a arquitetura de hoje não pode ser considerada arte, porque é feita por "operadores de régua", não artistas!
Costumava afirmar que: "A arquitectura termina quando o proprietário recebe a sua casa nova quando era aí que devia começar"


A principal influência em suas obras é Antoni Gaudi e, assim como Gaudi, Hundertwasser provoca surpresas e polêmicas em suas obras.

Ele construiu museus, vilas, escolas, igrejas e tantas outras obras que parecem fruto de uma brincadeira surreal.

É, sem dúvida, um arquiteto único; pois conseguia unir em sua obra conceitos aplicados em suas telas, todas seguindo tendências surrealistas.

Existe pouca informação sobre Hundertwasser em inglês e menos ainda em português, a maioria das informações sobre o artista estão disponíveis na internet ou em livros em alemão.
Suas obras possuem um caráter particular, paredes se confundem com o piso, garrafas viram aberturas de iluminação, mosaicos estão sempre muito presentes e sobretudo cor, muita cor!

Ele costumava dizer que suas obras eram feitas para as vacas pastarem tranquilas em cima de telhados. Por que não?
















domingo, 4 de outubro de 2009

De moldar: abre e fecha





Foi passeando pelo site da Yatzer que eu me deparei com esse curioso projeto de uma residência. O projeto foi desenvolvido pelo escritório Kavellaris Urban Design (KUD), com sede na cidade de Melbourne, Austrália, e chegou a ser finalista no concurso AIA 2009 de arquitetura residencial.

A grande sacada do projeto está na capacidade de transformar essa arquitetura em um objeto interativo e multifuncional. A fachada externa pode ser experimentada internamente, alterando totalmente a percepção do edifício, que constantemente varia de sólido a flexível, de privado para público e de opaco a translúcido com o simples manuseio dos grandes painéis frontais. Durante o dia o prédio se apresenta de uma forma um pouco pesada, por se tratar de um bloco monolítico, preso ao chão, assumindo uma atmosfera bastante reflexiva, enquanto que à noite essa atmosfera se inverte, e a casa assume uma configuração de caixa macia, translúcida, permeável à luz.

A utilização de paredes operáveis, portas, cortinas e grandes painéis permitem que os ocupantes controlem esse objeto arquitetônico que será compreendido, ora com os painéis abertos e bastante permeáveis, ora fechados e um pouco intimidadores, jutamente quebrando a idéia da casa estática, rígida na paisagem.


Para ler a matéria na íntegra e conhecer um pouco mais do site:

Perforated House



Carlos Bratke










Arquiteto paulistano, nascido na década de 40, filho do renomado arquiteto Oswaldo Bratke.
Considerado um dos principais nomes quando o assunto é arquitetura de prédios comerciais, possui inúmeros projetos, todos seguindo uma linha moderna. Bratke é tão reconhecido tanto nacionalmente quanto internacionalmente, que uma das principais avenidas comerciais de São Paulo, a av. eng. Luiz Carlos Berrini possui mais de vinte prédios comerciais projetados por ele e, vale ressaltar que uma destas edificações abriga seu escritório pessoal e a construtora dirigida por seu irmão, prédio único que vale a pena ser pesquisado (ed. Oswaldo Bratke).
Falar de projetos de arquitetos renomados, parece distante da nossa realidade, não é mesmo?! Mas por incrível que pareça, temos dois magnifícos exemplares construídos em nossa cidade, Cuiabá, um edificío residencial (Terra Solis, localizado próximo à Praça Popular, na rua Estevão de Mendonça) e outro que com certeza não passa despercebido por nenhum de nós; o edifício comercial The Centrus Tower, localizado na av. Miguel Sutil, próximo ao trevo do bairro Santa Rosa.
Ed. Terra Solis Ed. The Centrus Tower
Devido ao seu grau particular, irei aqui relatar algumas observações sobre esse prédio comercial.
O The Centrus Tower foi construído na década de 80 sob lajes protendidas, inovação para a época, cada andar seria destinado a um comprador. Dessa forma, as salas poderiam ser um grande vão livre (pela ausência de pilares) ou dividida de acordo com a necessidade do cliente. Foi uma inovação também, porque na época, não era comum a entrega das edificações sem o revestimento, dando a opção ao comprador de usar o revestimento desejado.
Os curiosos brises e mal vistos por muitos, foram cuidadosamente desenhados para promover uma entrada controlada de irradiação solar nas salas. Entre as janelas e o brise, foi projetado uma jardineira em cada pavimento, isso porque Bratke acreditava que a impessoalidade do ambiente de trabalho poderia ser amenizado pela presença da vegetação e também com o objetivo de diminuir o calor das salas (lembrando que na época não existiam condicionadores de ar).
As torres que abraçam as fachadas, são as paredes hidráulicas, nelas estão localizadas as copas e os banheiros e no topo as seis caixas d' água que abastecem o prédio.
Foi o primeiro projeto de Cuiabá a possuir um heliponto, pena que a Infraero não permitiu a utilização por questões burocráticas.
Este é um prédio que, sem dúvida alguma, ao visitar e conhecer como foi feito o projeto e a execução, é apaixonante! Por coincidência, o zelador do prédio, foi um dos ajudantes de pedreiro da época, e adora contar os "causos" do período da execução.
Para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre as obras de Bratke, existem diversos livros sobre o arquiteto e suas obras, e o site que contém o portifólio do projetista é o seguinte: http://www.carlosbratke.com.br/, vale a pena conferir!

Brises
Ed. The Centrus Tower, Cuiabá