“O ser humano deve ser arquiteto do próprio destino.” (Che).
Arquitetura é muito importante, mas justiça social é muito mais, isso ate Niemeyer reconhece inúmeras vezes. Só se faz arquitetura de qualidade se existir um projeto de vida, um ideal, uma idéia, um forma de encarar e ver a sociedade e o mundo e como se dá sua atuação nele. Arquitetura é transformação, transforma o espaço, na medida humana, na medida de sua cultura.
Não são necessários arquitetos para construir, um bom mestre de obras e um engenheiro calculista fazem tudo. Constroem econômica e solidamente e muitas vezes de forma “bela”. O que o arquiteto pode fazer de diferente é defender um partido, interpretar o mundo e intervir no espaço com consciência, o arquiteto precisa dar a dimensão humana na obra.
Como adquirir consciência e como pensar? Estudando e convivendo com as pessoas, é claro. Com uma das Constituições Federais mais avançadas do mundo temos princípios que garantem isso. Infelizmente só nos lembramos dos princípios individuais, Art 5 que garante a propriedade privada e liberdade de expressão entre outros. Instrumentos importantes em um país que sofreu com a ditadura. Contudo, esquecemos dos princípios sociais desta Constituição e dos princípios educacionais nela reservados.
Art. 207: As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Indissiociabilidade significa que agem em concordância e em comunhão. Isso não é assistencialismo, trata-se de uma política de Estado, que reconhece a necessidade de que as Universidades só podem produzir pesquisas e conhecimentos importantes se tiverem em contato com a realidade. Isso de dá pela extensão, trata-se de um método e também de um ato político, onde devem ser equilibradas a teoria e a prática. Como nos testes de laboratório o engenheiro deve estudar a teoria, mas testar para confirmar, na realidade social deve-se estudar, mas não adianta apenas isso. É preciso um método dialética, criar uma tese (teoria), verificar (experiências), trocar experiências (extensão), renovar a tese (antítese) e continuar. Por isso o tripé pesquisa, ensino e extensão.
E porque isso deve ser importante em universidades públicas? Não só pelo texto constitucional, mas pela própria função da educação. Bem qual o papel da educação pública? A educação pública é uma conquista recente da humanidade, não existia antes da Revolução Francesa. A educação era apenas aos abastados, aqueles destinados a mandar. Para acabar com o privilégio de nascimento e para distribuir igualdade é criada a educação pública em todos os níveis.
Quando se realiza um trabalho de extensão não se trata de uma obrigação no sentido de piedade ou de um assistencialismo barato. Trata-se de uma estratégia de ensino também. Afinal quantos desenhos vão para o lixo, porque não se dedicar a algo que faça a diferença? Produzir em favor da coletividade, todos pagamos impostos e temos direitos, mas e nossos deveres, não temos? Como equilibrar deveres e diretos sociais? Segundo Castro:
Arquitetura é muito importante, mas justiça social é muito mais, isso ate Niemeyer reconhece inúmeras vezes. Só se faz arquitetura de qualidade se existir um projeto de vida, um ideal, uma idéia, um forma de encarar e ver a sociedade e o mundo e como se dá sua atuação nele. Arquitetura é transformação, transforma o espaço, na medida humana, na medida de sua cultura.
Não são necessários arquitetos para construir, um bom mestre de obras e um engenheiro calculista fazem tudo. Constroem econômica e solidamente e muitas vezes de forma “bela”. O que o arquiteto pode fazer de diferente é defender um partido, interpretar o mundo e intervir no espaço com consciência, o arquiteto precisa dar a dimensão humana na obra.
Como adquirir consciência e como pensar? Estudando e convivendo com as pessoas, é claro. Com uma das Constituições Federais mais avançadas do mundo temos princípios que garantem isso. Infelizmente só nos lembramos dos princípios individuais, Art 5 que garante a propriedade privada e liberdade de expressão entre outros. Instrumentos importantes em um país que sofreu com a ditadura. Contudo, esquecemos dos princípios sociais desta Constituição e dos princípios educacionais nela reservados.
Art. 207: As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Indissiociabilidade significa que agem em concordância e em comunhão. Isso não é assistencialismo, trata-se de uma política de Estado, que reconhece a necessidade de que as Universidades só podem produzir pesquisas e conhecimentos importantes se tiverem em contato com a realidade. Isso de dá pela extensão, trata-se de um método e também de um ato político, onde devem ser equilibradas a teoria e a prática. Como nos testes de laboratório o engenheiro deve estudar a teoria, mas testar para confirmar, na realidade social deve-se estudar, mas não adianta apenas isso. É preciso um método dialética, criar uma tese (teoria), verificar (experiências), trocar experiências (extensão), renovar a tese (antítese) e continuar. Por isso o tripé pesquisa, ensino e extensão.
E porque isso deve ser importante em universidades públicas? Não só pelo texto constitucional, mas pela própria função da educação. Bem qual o papel da educação pública? A educação pública é uma conquista recente da humanidade, não existia antes da Revolução Francesa. A educação era apenas aos abastados, aqueles destinados a mandar. Para acabar com o privilégio de nascimento e para distribuir igualdade é criada a educação pública em todos os níveis.
Quando se realiza um trabalho de extensão não se trata de uma obrigação no sentido de piedade ou de um assistencialismo barato. Trata-se de uma estratégia de ensino também. Afinal quantos desenhos vão para o lixo, porque não se dedicar a algo que faça a diferença? Produzir em favor da coletividade, todos pagamos impostos e temos direitos, mas e nossos deveres, não temos? Como equilibrar deveres e diretos sociais? Segundo Castro:
“Entretanto, a extensão possui algumas características que se bem exploradas podem vir a contribuir para uma mudança no processo de ensinar e aprender: possuem um arsenal metodológico diferenciado; é feita de encontros entre alunos, professores e comunidades; tem a possibilidade de, neste encontro, incorporar outros saberes, de criar um novo senso comum e de ampliar a capacidade de reflexão sobre as práticas, porque nelas se constituem, ou seja, são constituídas pelas experiências.”
Defendo esta postura critica de utilizar a educação, a extensão e a participação comunitária para transformar as a realidade. Arquitetar um mundo melhor. Para isso muitas dimensões devem ser levadas em consideração. E uma estratégia inteligente. Se não servir para isso a educação terá uma função exclusivamente individual. Este caráter individual sempre existirá, cada individuo tem sua trajetória e interesse. Mas um projeto por ano para cada acadêmico, cinco ou quatro durante um curso superior. Não deve ser muito para que exista um contato do estudante com o mosaico de dimensões existentes em uma sociedade.
Teoria e Prática
A importância fundamental do método teoria-prática se dá por diversos motivos um deles é segundo Castro: “Uma teoria da arquitetura constitui, portanto, pressuposto necessário à formação da consciência do arquiteto e é tão indispensável quanto é o conhecimento técnico de que se deve munir para intervir na realidade social. Esta, sem dúvida alguma, é a condição primeira e essencial. E, só poderá ser satisfeita por séria, cuidadosa e profunda preparação filosófica”.
E adverte o autor que a teoria não é suficiente:
“...encontram-se os arquitetos que vivem enclausurados no mundo dos pensamentos abstratos. Desconhecem a realidade dos canteiros e não avaliam concretamente a relação entre o desenho e o processo de construção do espaço social. Tornam-se naturalmente incapazes de avaliar a correta opção por um sistema construtivo, o emprego adequado de materiais, mostrando-se alheios à emoção concreta provocada pelo espaço arquitetônico. Sabem de terceira mão e se põem a dissertar sobre a arquitetura, impregnando o discurso com suas insuficiências pessoais, quase sempre resultantes da falta de contato com a realidade do trabalho que criticam.” (Castro, 2001)
Precisamos deste contato com a prática, tanto para fins de conhecimento técnico quanto para sentir a carga que os projetos podem causar. Como as soluções adotadas interferem na sociedade mais ampla e não apenas para um cliente.
Alguns arquitetos se preocuparam e se preocupam com a postura frente a realidade e foram até muito enfáticos. Artigas foi um dos lideres neste sentido, declara que:
“...a arquitetura moderna, tal como a conhecemos, é uma arma de opressão, arma da classe dominante, uma arma de opressores contra oprimidos”.
“É claro que precisamos lutar pelo futuro de nosso povo, pelo progresso e pela nova sociedade. [...] Mas é claro que, enquanto a ligação entre os arquitetos e as massas populares não se estabelecer[...], não haverá arquitetura popular. Até lá atitude critica em face a realidade.”
Como realizar uma crítica adequada das obras e das necessidades de infra-estrutura se não temos contato com ela? Se não nos interessamos o suficientes e se não conseguimos nos organizar. Fracassei ao tentar uma organização com os estudantes, não sabemos planejar e gerir, não temos como concorrer com os estágios. E não temos apoio suficiente dos mestres. Mas agradeço todos que contribuíram.
Sobre o papel dos intelectuais na transformação da realidade segue o texto de Nizan.
“ ...não existe o homo faber, o homo artifex, o homo sapiens, o homo economicus e o homo politicus, o homo noumeneon e o homo phenomenon, mas todos os indivíduos que nascem, levam uma determinada vida, tem filhos, morrem: do trabalhador manual que ganha vinte e cinco francos, por dia ao homem político que reside na Vila Said, da moça que freqüenta o curo Villiers àquele que dorme na quadra Jeanne-d`Arc no mesmo quarto dos pais e dos irmãos, do militante revolucionário ao inspetor da polícia judiciária. Existe, de um lado, a filosofia idealista que enuncia as verdades sobre o homem,e,e de outro lado, os registros da distribuição da tuberculose em Paris que nos diz como se morre[...] eu não encontro nunca o homo noumenon[...] Mas o significado repugnante [...]das estatísticas sobre o trabalho forçado, estes sim, me colocam problemas verdadeiramente filosóficos” (Paul Nizan)
Não é difícil extrapolar este critica de Nizan à Paris do século XIX para os nossos dias atuais. Em que nível estão nossos serviços de saúde, educação e transporte públicos? O PAC, O pronto de Socorro, os índices de violência.
Caso se acredite que os estudantes de nível superior e aqueles que o possuem não devem estar ativamente em contato com as diferentes realidades econômicas e sociais do país. Estes que aprenderam política, filosofia, engenharia, as técnicas, as artes e a crítica não o exercerem com função social, são intelectuais que se distanciam dois problemas terrenos. Deixarão para o leiteiro, o padeiro e o torneiro mecânico a tarefa de lutar e gerir seus conflitos e do país, com ou sem qualidades técnicas terão que solucionar. Não devemos nos omitir, a omissão é uma recusa a responsabilidade e possibilidade de transformação.
Um texto de: Guilherme Almeida